TRATAMENTO COM VITAMINA D

A esclerose múltipla é uma doença crônica e inflamatória desencadeada pela combinação de fatores genéticos e ambientais, ou seja, em um indivíduo geneticamente susceptível, fatores relacionados ao ambiente podem desencadear uma resposta autoimune com produção de anticorpos contra a proteína básica da mielina (camada de lipídios que reveste as fibras nervosas).

Entre os possíveis fatores ambientais implicados na ocorrência da doença, atualmente o papel da vitamina D tem sido discutido baseado em três condições:

1 – A vitamina D em humanos é endógena e sua forma ativa é obtida a partir da exposição da pele aos raios ultravioletas B da luz solar.

2 – A maior prevalência da esclerose múltipla em países mais frios, onde há menor exposição à luz solar.

3 – Efeitos biológicos da vitamina D relacionados imunidade: a forma ativa da vitamina D tem ação direta sobre as células imunológicas levando a redução da resposta inflamatória e estimulando mecanismos imunológicos anti-inflamatórios.

Os estudos clínicos que avaliaram o efeito da suplementação da vitamina D em pacientes com esclerose múltipla, mostraram resultados variáveis.

Duas pesquisas clínicas sugeriram benefício com a suplementação da vitamina D.  Foi observado que o aumento dos níveis de vitamina D esteve associado com redução na taxa de surtos (Mowry et al., 2009; Simpson et al., 2010).

Porém, estudo com doses suprafisiológicas (valores acima da necessidade diária) de vitamina D num grupo de pacientes australianos, não mostrou nenhum benefício quando comparou a suplementação com altas doses versus doses normais de vitamina D (Stein et al., 2011).

Um terceiro estudo, mais recente, avaliou a segurança e eficácia da vitamina D como terapia adjuvante ao tratamento com Interferon durante 12 meses (Soilu-Hänninen et al., 2012).

No grupo tratado com vitamina De Interferon houve menor ocorrência de novas lesões na ressonância magnética, assim como uma tendência para redução do acúmulo de incapacidade, porém nenhuma diferença foi observada quanto à taxa anual de surtos.

O papel da vitamina D no desenvolvimento da esclerose múltipla e o benefício com a reposição ainda estão sendo esclarecidos.  Nas pesquisas sobre suplementação a base de altas doses de vitamina D não mostraram força suficiente para provar que a deficiência da vitamina D interfere na evolução clínica da esclerose múltipla.

Dra. Claudia Vasconcelos

Neurologista

CRM 52-53578/0

cfvas@hotmail.com